O varejo vive um novo momento causado não apenas pelo “pós-pandemia”, mas por todas as mudanças que acontecem no mundo ano após ano, incluindo no Brasil. A instabilidade geopolítica (vide a guerra na Ucrânia), a carência de mão de obra em várias áreas, o aumento das taxas de juros e a escalada da inflação são alguns ingredientes do cenário que o varejo enfrenta em 2023. Este é o primeiro e um dos principais insights na análise pós-NRF 2023 feito pela BTR-Varese.

Este panorama obriga as empresas a priorizarem o curto prazo e ter agendas mais táticas. “Como disse Marvin Elisson, CEO da Lowe’s, é hora de atacar os pontos fundamentais”, aponta Eduardo Terra, sócio da BTR-Varese. “O varejo passa por uma época de reorganização com um olhar mais tático, operacional e com foco em fazer o básico bem feito”, completa.

Ao mesmo tempo em que deve-se olhar para o curto prazo, há uma necessidade de não se esquecer do longo prazo. “O varejo é uma corrida de 100 metros e uma maratona ao mesmo tempo”, afirma Terra. Prova disso é o segundo insight: as Tecnologias Emergentes. É preciso estar atualizado e saber quando é a hora de investir nelas, como metaverso, realidade aumentada e virtual, automação e inteligência artificial. “Tudo que chegou ao varejo esteve na NRF, mas nem tudo que está na NRF passa para o varejo”, analisa o sócio da BTR-Varese.

Tecnologia sempre presente no varejo

Dentro da tecnologia, ganha foco e merece atenção dos varejistas o terceiro insight: a Inteligência Artificial + Dados. “Hoje já se vê a inteligência artificial para absolutamente tudo no varejo. Ele está aplicado em toda a cadeia”, analisa Terra. O quarto insight também tem o seu pé nos dados: a Web 3.0 + Metaverso + Comércio Eletrônico 3D.

Voltando para “mundo de tijolo”, temos o quinto insight: o futuro da loja. As lojas físicas precisam de uma nova abordagem depois da maior penetração do digital, segundo Alberto Serrentino, sócio da  BTR-Varese. A jornada e a forma como as pessoas compram mudou depois da pandemia. Com isso, “A loja precisa ser um hub. O primeiro papel de uma loja é de aquisição e engajamento de clientes”, aponta Serrentino.

É necessário repensar os formatos de loja, pois a jornada não é mais previsível, linear e homogênea. Muitas vezes, é necessário ter várias lojas dentro de uma única loja para entregar, sem atrito, o que o cliente foi fazer ali naquele momento. “Repensar a loja é repensar o negócio, desafiando a cultura e o modelo de negócio, redefinindo KPIs, modelo de gestão e desenho organizacional”, explica o sócio da  BTR-Varese.

Mudanças trazem novas perspectivas

O sexto insight é reflexo direto da mudança do varejo. É o Retail Media e Plataformas, outro tema emergente. “O varejo tem ativos estratégicos relevantes. O maior deles não é o parque de lojas, mas a base de clientes e hoje temos muitos mais canais que se multiplicaram na pandemia. Tudo isso gera conexão com a base de clientes e tem potencial para servir como canal de mídia”, analisa.

Outro tema emergente e sétimo insight é a nova jornada do colaborador. As redes precisam olhar agora para a atração, a retenção e o engajamento de seus funcionários. Eles precisam ser empoderados, ter foco no cliente com relacionamento e envolvimento com um senso de comunidade. “Está em pauta agora, também, a experiência do colaborador”, pondera.

O oitavo insight é de um tema que nunca sai de pauta, mas que ganhou novos contornos: Cultura, diversidade e sustentabilidade. “A pandemia trouxe o tema de ESG para o centro das empresas”, diz Alberto Serrentino. O propósito continua sendo pilar fundamental, assim como a diversidade, inclusão, o impacto para comunidade e a sustentabilidade consistente, coadunando valores com ações efetivas.