Retrofit no guarda-roupa
(IstoÉ Dinheiro)
Por Victoria Ghiraldi
Uma das maiores líderes do varejo de moda do País, a Riachuelo aposta na linha casa e decoração.
Para atravessar o pior da crise, com suas 323 lojas próprias sendo fechadas em todo o País, a Riachuelo aderiu à Medida Provisória 936 como forma de não precisar demitir nenhum dos 40 mil funcionários das lojas e fábricas. Além de reduzir a carga horária e a remuneração de toda a diretoria e do CEO. A mudança acontece em um cenário em que o consumidor passa a valorizar mais o ambiente onde fica confinado, iniciando pequenas reformas ou mudando a decoração. Pesquisa da Associação Nacional de Material de Construção (Anamaco) em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), aponta crescimento de 40% nas vendas das lojas de materiais de construção de maio a junho, se comparado com o mesmo período de 2019.
Indicadores como esse mostram o tal do novo consumidor. De olho nessa mudança, a Riachuelo transformou o que antes era apenas um setor da loja em um espaço próprio e com mais visibilidade. Daí a chegada da primeira Casa Riachuelo, no Shopping Ibirapuera, na capital paulista. O espaço de 420m² possui 2 mil itens exclusivos divididos por diferentes lifestyles, incluindo um setor para pets. A rede varejista aposta, também, na parceria com marcas já consolidadas no segmento, como Buddemeyer, Cadence, Fom, Karsten, Nespresso e Oster e deve inaugurar mais cinco lojas exclusivas em Campinas, Rio de Janeiro e São Paulo. Para o analista de mercado Alberto Serrentino, o segmento é muito fragmentado no País, o que abre espaço para novas marcas em um cenário sem grandes redes. “A marca Riachuelo é forte, traz notoriedade e já tem uma certa relação com a categoria”, afirmou. “O novo segmento deve ativar a base fidelizada de clientes.”
As alternativas de atuação da rede estavam sendo estudadas antes mesmo do início da crise mundial. Isso porque o grupo já não desfilava tão bem, apresentando queda de 52% no lucro líquido em 2019 – de R$ 1,235 bilhão, em 2018, para R$ 592,7 milhões, no ano passado. Em março, a Riachuelo já havia anunciado contrato de licença com a Carter’s, maior comerciante americana de roupas de marca e produtos para bebês e crianças, comercializada em mais e 90 países e com 600 lojas próprias nos Estados Unidos.
“Acreditamos em uma retomada gradual e positiva nos próximos meses. Sairemos dessa crise mais fortalecidos e com oportunidades de crescimento” Oswaldo nunes, CEO da Riachuelo.
A inevitável aposta no digital já rendeu frutos. Estudo da Conversion, consultoria de performance e SEO, analisou as 50 principais lojas digitais do Brasil apontou a Riachuelo em segundo lugar na categoria de moda com o maior número de visitas em junho, com 10,37 milhões de acessos no período. As vendas dos canais digitais triplicaram no segundo trimestre do ano em comparação com os três primeiros meses de 2020, e representaram 46,1% das vendas totais do período. Além disso, o tíquete médio apresentou aumento de 24,4% no segundo trimestre de 2020, passando de R$ 134,50 para R$ 167,20. Para Oswaldo Nunes, as pessoas se habituaram ao uso do digital e isso não irá retroceder. “Lojas físicas viravam pontos de experiência e o digital, conveniência. Com o cenário atual, essa transformação ganhou ainda mais velocidade”, afirmou à DINHEIRO.
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