O passo ousado da Michael Kors

(IstoÉ Dinheiro)
Com a compra da grife italiana Versace, o grupo americano reforça seu plano para fazer frente às grandes marcas europeias no mercado de luxo

O passo ousado da Michael KorsO sorriso do mundo: Michael Kors, o fundador da grife, começa a avançar para outros continentes

A última terça-feira 25 marcou o encerramento da Semana de Moda de Milão, a data mais esperada no calendário das grifes do país. No mesmo dia, um outro acontecimento aguardado no mercado da moda foi oficializado: a americana Michael Kors anunciou a compra da italiana Versace, por € 1,83 bilhão. “A aquisição da Versace é um marco importante para o nosso grupo. Por mais de 40 anos, a marca representou o ideal de luxo da moda italiana”, afirmou John Idol, CEO da Michael Kors, cujo fundador segue na empresa como presidente honorário e diretor criativo. “Este é um momento muito emocionante para a Versace”, disse Donatella Versace, vice-presidente e diretora artística da companhia italiana, que, assim como o CEO Jonathan Akeroyd, seguirá no comando da operação.

O acordo fortalece uma estratégia recente da Michael Kors. Mais conhecida por ser uma marca intermediária de bolsas e acessórios, a empresa tem sinalizado a intenção de construir um conglomerado americano capaz de fazer frente aos grandes grupos europeus do mercado de luxo, como LVMH e Kering. Essa aspiração ganhou contornos mais claros nesta semana. A compra da Versace foi acompanhada da criação da Capri Holdings Limited, que irá reunir todos os seus negócios, entre eles, a marca britânica de sapatos de luxo Jimmy Choo, adquirida em julho de 2017, por US$ 1,2 bilhão, como parte do novo direcionamento.

Com as aquisições, a Michael Kors tenta também impulsionar sua receita, que vinha em queda e se mostrou estagnada no último ano fiscal, encerrado em 31 de março. No período, o faturamento foi de US$ 4,5 bilhões, mesmo patamar registrado um ano antes. A expansão rápida e os preços acessíveis, fizeram a grife perder exclusividade. “Foi uma marca que cresceu muito rápido, abriu muitas lojas e já ocupou o espaço que tinha que ocupar”, diz Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese Retail. A Michael Kors informou que pretende crescer a receita da Versace para US$ 2 bilhões “no longo prazo”. Em 2017, a marca italiana faturou US$ 785 milhões. O plano inclui ampliar a presença global da grife, das atuais 200 lojas para 300 unidades, além de acelerar as estratégias de comércio eletrônico.

O acordo também reflete uma crise no mercado de luxo. Marcas ainda independentes, como Chanel, Giorgio Armani e Prada enfrentam cada vez mais dificuldades para competir com os grandes grupos, especialmente no mercado asiático, um dos principais alvos do setor. “Embora alguns vejam a aquisição por uma marca americana como uma vergonha, o acordo reflete a natureza dinâmica da indústria da moda de luxo” diz Florence Allday, analista da Euromonitor. Se o fundador da grife Gianni Versace morreu em Miami, em 1997, agora a marca promete renascer em solo americano.

Fonte: IstoÉ Dinheiro| 03 de Otubro de 2018
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