Comércio Eletrônico no Varejo Brasileiro

  • Portal O Negócio do Varejo
    – Autor: Alberto Serrentino
    – Fundador da Varese Retail

O varejo brasileiro é maduro e competitivo. A presença e relevância de operadores e investidores internacionais, penetração de shopping centers e franquias, somados aos recentes ciclos de evolução moldaram um mercado complexo e desafiador. O aumento de formalidade, aberturas de capital, melhora nos graus de transparência, controle e governança das empresas amadureceram o varejo brasileiro.

O comércio eletrônico brasileiro vem se desenvolvendo de forma acelerada e ganhando participação sobre as vendas do varejo. O crescimento real do comércio eletrônico no Brasil foi de 34% em 2010, 20% em 2011, 15% em 2012, 22% em 2013 e 18% em 2014. As taxas de crescimento do varejo como um todo foram de 11% em 2010, 7% em 2011, 8% em 2012, 4% em 2013 e 2% em 2014.

A participação do comércio eletrônico no varejo brasileiro aproxima-se de 3%, contra quase 8% nos EUA e 12% no Reino Unido. Isto revela a oportunidade de crescimento e penetração dos canais digitais.

Pesquisa realizada pela Varese Retail em novembro de 2015, com apoio da Shopper Vista e Brazil Panels, revelou que 51% dos consumidores brasileiros pretendiam fazer suas compras de presentes de Natal em lojas físicas e por internet e que outros 10% pretendiam comprar somene por internet. Os índices sobem para 65% e 13,5% entre consumidores de classe A. Os resultados da Black Friday, data que foi introduzida no Brasil pelas empresas de comércio eletrônico, reforçam as rápidas mudanças de hábito por parte dos consumidores e integração crescente entre canais físicos e digitais em seus processos de compras.

Ao se analisar o Ranking dos 50 Maiores do ecommerce Brasileiro da SBVC constata-se que o topo do Ranking é dominado pelas empresas pioneiras, que acreditaram no comércio eletrônico e acumulam sólida curva de experiência e evolução no mundo digital – como B2W (Lasa), Cnova (GPA), Magazine Luiza, Saraiva e Fast Shop. Juntam-se a estas na lista dos dez maiores Máquina de Vendas e Walmart – 4o e 5o respectivamente – que iniciaram suas operações em um segundo momento, porém com muita determinação – e os operadores digitais Netshoes e Dafiti. Estes últimos tiveram importante papel no estímulo e educação dos consumidores brasileiros para compras de categorias de moda e esportes em canais digitais, que as transformaram nas principais categorias em volume de pedidos.

De outro lado, o Ranking revela que apenas 14 das 50 maiores empresas de varejo no Brasil figuram entre os 50 maiores operadores de comércio eletrônico, o que mostra o quanto o mundo digital e o comércio eletrônico ainda estão distantes do grande varejo.

Os modelos de negócio de varejo omnichannel pressupõem estruturas organizacionais, governança entre canais e modelos de gestão integrados e tiram o foco nos canais para coloca-lo nos clientes e em entregar experiências de marca e de compras flexíveis e compartilhadas. A adoção de tais modelos de negócio têm como premissa que a empresa tenha operação de comércio eletrônico relevante e madura e que tenha incorporado cultura digital.

O processo é uma jornada, na qual as empresas adaptam-se às inovações do mundo digital, repensam processos e evoluem com as mudanças de comportamento dos consumidores.

Os números do Ranking SBVC devem provocar reflexões sobre a importância estratégica de se acelerar a entrada e evolução das empresas de varejo brasileiras no mundo digital.

 

Autor:

Alberto Serrentino
Fundador da Varese Retail

No Comments

Sorry, the comment form is closed at this time.