Carrefour deve investir R$ 1 bi em lojas adquiridas

(Valor Econômico)
Por Adriana Mattos e Raquel Brandão

Grupo prevê reformar hipermercados Big e unidades do Maxxi, de atacarejo, em 12 a 18 meses

O grupo Carrefour Brasil, que ontem anunciou a compra do grupo Big, deve investir ao menos R$ 1 bilhão para reformar os hipermercados Big e as lojas de atacarejo Maxxi, calculou o Valor – essas marcas vão desaparecer do varejo.
Esse processo deve ocorrer no prazo de 12 a 18 meses, após a aprovação do negócio, disse o comando. A operação ocorre após o Big ter registrado melhora em seu resultado em 2020, mas ainda manter taxa de crescimento abaixo das grandes redes do setor. As vendas brutas do Big cresceram 6,5% de janeiro a setembro de 2020 e analistas entendem que seriam necessários novos investimentos no Big caso os atuais controladores quisessem tornar a rede mais competitiva frente ao Carrefour e GPA. O Big fatura menos da metade do vice-líder GPA. A companhia conseguiu reverter os números negativos, reflexo de um processo de restruturação iniciado em 2018, após a venda de 80% da operação brasileira do Walmart para a gestora Advent – os americanas continuaram com 20%.
Após a transação, a rede passou de um prejuízo de R$ 80 milhões até setembro de 2019 para lucro de R$ 3 bilhões no mesmo período de 2020. Cerca de R$ 2,4 bilhões desse lucro foram créditos “scais, que passarão ao balanço do Carrefour. “Entendemos que a frente de ‘turnaround’ pelo Big foi bem feita e concluída, e entraremos numa outra fase de forte crescimento, de replicar as ações de Carrefour no Big”, disse a analistas o CEO do Carrefour Brasil, Noël Prioux. O Big é dono das bandeiras Big, Big Bompreço, Sam’s Club, Nacional, Todo Dia e Super Bompreço.
O Carrefour deve gastar cerca de R$ 500 milhões em conversões da rede de atacado Maxxi, considerando gasto esperado de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões por loja, em média – são 49 pontos do Maxxi Ainda serão mais R$ 5 milhões, em média, por hipermercado – são 107 hipermercados do Big. Nesse caso, serão mais R$ 530 milhões. Esses montantes não incluem mudanças nos supermercados do grupo e na rede Todo Dia.
O Carrefour informou ontem que foi procurado pelos controladores do grupo Big e que as conversas começaram há alguns meses. O Valor apurou que não houve negociações com outras redes concorrentes. A Advent já avaliava abertura de capital do Big, mas passou a considerar um caminho paralelo, da venda, no ano passado, dizem fontes. Os americanos do Walmart passam a ser, pela primeira vez, sócios do Carrefour no país após a transação, com pouco mais de 1% de participação da empresa.
A respeito das questões de concentração de mercado, o presidente do Carrefour, o francês Prioux, lembrou que o setor no Brasil é “muito pulverizado”, com espaço para avanço das redes regionais pelo país. Ele disse que considera manter as duas marcas na assinatura, de Carrefour e Bompreço, nos mercados onde Bompreço atua. A questão está sob análise.
Analistas entendem que a transação não deve sofrer restrições significativas pelo Cade, órgão antitruste, e reforça que os múltiplos apontam para uma operação que não parece ter sido cara, ressalta a equipe da XP. “Eles pagaram R$ 7,5 bilhões e só os ativos imobiliários valem R$ 7 bilhões. Calculamos que o múltiplo da compra, considerando as sinergias que a empresa espera ocupar, seja de 4 vezes [a relação dívida e Ebitda]. Nos parecem valores interessantes para esse tamanho de operação”, disse Daniella Eiger, analista da XP.
Nos cálculos de preço, o valor pago de R$ 7,5 bilhões (sem incluir dívida, segundo apurou o Valor, a empresa é livre de endividamento) equivale a cerca de 30% da receita bruta da empresa, sendo que as transações no setor nos últimos anos têm variado de 30% a 50% do faturamento – “cando portanto, no teto desse intervalo. “Pagaram barato, considerando esse parâmetro. Mas é preciso levar em conta que isso ainda dependerá da integração desses negócios. São duas empresas com culturas diferentes, e com grandes estruturas de logística e sistemas que precisam ser uni”cadas. A história do setor mostra que isso exige investimentos e capacidade de execução”, diz Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail.

Fonte: Valor Econômico
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/03/25/carrefour-deve-investir-r-1-bi-em-lojas-adquiridas.ghtml

 

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