Com compra do BIG, Carrefour se torna líder isolado do varejo alimentar e avança no Nordeste e Sul
(6 Minutos)
Por Fabiana Futema
Ao concluir a compra do BIG (antigo Walmart) por R$ 7,5 bilhões, o Carrefour deve se tornar líder isolado do varejo alimentar brasileiro. A combinação dos dois negócios deve resultar numa empresa com potencial de faturamento de R$ 100 bilhões, quase o triplo do GPA, dona do Pão de Açúcar e Extra.
“Ao comprar o número 3 do setor, o Carrefour se descola completamente dos outros operadores, principalmente se considerar a cisão do Assaí do multivarejo do GPA. Ele passa a ter o triplo do [faturamento do] número 2”, afirma Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.
Como é o ranking do setor? Por muito tempo, os três primeiros lugares do ranking de supermercado eram ocupados por Carrefour, GPA e Walmart, nessa sequência. Ao comprar o número 3, o Carrefour ampliou sua vantagem sobre o GPA em várias frentes.
Quais outros ganhos dessa combinação de negócios? Muitos, mas principalmente em ampliação de presença territorial e entrada em novos formatos de lojas:
- Nordeste e Sul
O BIG é líder do Nordeste e tem forte presença no Sul do país, segundo Serrentino. “Ele ganha relevância regional e penetração em regiões em que não era tão forte, o que lhe dá força e capilaridade, consolidando sua relevância nacional”, afirma Serrentino.
- Novos formatos
Com a compra do BIG, o Carrefour passa a operar dois novos formatos de loja: clube (Sam’s) e desconto (TodoDia). “O Carrefour era meio travado nessa questão geográfica e em formato de loja. O Carrefour é muito forte no Sudeste e agora passa a ser também no Nordeste e Sul. Essa aquisição foi um golaço, vai ter uma amplitude muito maior de operação”, disse Renato Mendes, especialista em marketing digital e professor do Insper.
Para Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa Ecosystem, a compra consolida o Carrefour na liderança do atacarejo com o Atacadão. “O Carrefour já é líder no formato atacarejo e com esse formato irá consolidar sua posição, além dos claros benefícios da economia de escala.”
Que benefício de escala são esses? No atacarejo, onde a margem de lucro é menor, ter poder para negociar com fornecedores condições melhores amplia a vantagem do negócio.
O mercado vai ficar muito concentrado? Serrentino diz que não. “A concentração é muito baixa no setor. Com essa compra, o Carrefour vai ter 15% do mercado, não dá dominância. O setor é pulverizado e regionalizado.”
O Cade vai permitir essa aquisição? Não dá para saber ainda. Mas Luís Nagalli, sócio da Advocacia José Del Chiaro e mestre em concorrência, diz que qualquer tipo de ameaça à concorrência pode ser resolvida de forma fácil, como venda de lojas em determinadas praças.
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