Carrefour (CRFB3): aquisição do BIG não significa ‘sucesso garantido’, dizem especialistas
(IstoÉ Dinheiro)
Por Arthur Guimarães
Na manhã desta quarta-feira (24), o Carrefour (CRFB3) anunciou a compra do Grupo BIG, unindo o primeiro e o quarto lugares do varejo no Brasil. O movimento, disseram analistas, cria a maior companhia em termos de faturamento do setor, mas a agenda de incorporação não deve ser fácil, e a operação não significa “sucesso garantido”.
De acordo com o Carrefour, as sinergias empresariais vão desembocar em um gigante com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,7 bilhão após três anos da conclusão da aquisição. Assim sendo, a cifra garante à nova companhia um faturamento anual superior a R$ 100 bilhões, de longe o maior, segundo levantamento de 2019 feito pelo Ibevar, em parceria com a FIA.
Considerando a cisão do Assaí (ASAI3), essa distância até o Grupo Pão de Açúcar – GPA (PCAR3) fica ainda mais gritante.
Segundo Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos, entrada do Grupo Big adiciona 387 lojas ao portfólio do Carrefour, sendo 107 hipermercados, 200 supermercados e lojas de conveniência, 49 atacarejos, e 35 estabelecimentos Sam’s Club.
“A aquisição dobra a presença do Carrefour em hipermercados, aumenta a de supermercados e adiciona 25% mais lojas de atacarejo, com potencial de adição nas vendas líquidas estimadas em 32%”, salientou.
Mas, na análise de Alberto Serrentino, consultor de varejo da Varese Retail, a aquisição não tem um “impacto dramático” na configuração do setor. “O varejo brasileiro ainda é muito fragmentado e continuará sendo, então a participação dos dois negócios combinados no varejo alimentar brasileiro ainda não dá uma posição de dominância”.
Concorrência acirrada
Mais, de acordo com Alberto Serrentino, além dos grandes players do setor, outras companhias começam a entrar de cabeça no segmento alimentar com um tempero digital, como Magazine Luiza (MGLU3), B2W (BTOW3) e Mercado Livre (MELI34).
Por outro ângulo, o consultor de varejo da Varese Retail afirmou que, em razão da porcentagem reduzida, a operação não deve enfrentar problemas de aprovação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A Ativa Investimentos ainda disse enxergar as operações como complementares, dado que o Carrefour está mais concentrado no Sudeste, enquanto o BIG fica mais exposto ao Sul e Nordeste.
“Como exemplo, podemos citar que Assaí ainda terá mais lojas em São Paulo que as duas empresas combinadas”, salientou a corretora. “Acreditamos que irá passar sem ser necessário nenhum tipo de remédio.”
Carrefour deve ter dificuldade em incorporação do BIG
Apesar de bem recebida pelo mercado, a compra do BIG deve gerar um trabalho para o grupo francês.
“Uma questão desse porte tem uma complexidade, um desafio, enorme do ponto de vista de estrutura, cultura operações”, ressaltou Alberto Serrentino, consultor de varejo da Varese Retail. “Não é trivial incorporar um negócio grande dentro de um outro negócio grande e complexo como é o Carrefour”
“Não é uma agenda fácil, e nem de sucesso garantido, há muito trabalho pela frente, mas é um movimento que descola completamente o Carrefour do resto do mercado e o torna o líder isolado no negócio”.
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