Tendência do setor é abrir novos canais de distribuição

(Valor Econômico)

Por Katia Simões

Parcerias apostam na integração de estoque, meios de pagamento e logística de entregas

 

 

As administradoras de shopping centers ensaiam a formação do que os especialistas denominam de ecossistema de varejo, que abrange vários canais de venda on-line e off-line, integração de há um dia estoque, meios de pagamento e logística de entrega. Em agosto, a BRMalls firmou parceria com o Mercado Livre para conectar seus empreendimentos ao varejo on-line, reforçando a estratégia omnichannel. O projeto piloto, ainda em andamento, está sendo realizado no Shopping Villa Lobos, em São Paulo, e já conta com a participação de 40 lojistas.
“Temos obrigação de ajudar nossos lojistas a abrir novos canais de venda em marketplaces já estruturados, com grande volume de escala”, afirma Ruy Kameyama, CEO da BRMalls. “A estratégia é o primeiro passo de uma estruturação digital ainda maior, com a criação do nosso próprio ecossistema ainda em 2020.” Na operação, o Mercado Livre disponibiliza a ferramenta para integração dos estoques e faz toda a operação de aprovação da venda, e do Delivery Center, responsável pela logística de entrega.
Segundo Francisco Ávila, head de marketplace do Mercado Livre, como os demais usuários, os clientes on-line das lojas dos shoppings da BRMalls contarão com três opções de entrega: via Correios, comprar on-line e retirar na loja ou receber em casa, em menos de duas horas. “A tendência é um número cada vez maior de shoppings se conectar com ecossistemas já estruturados, o caminho até o consumidor é mais curto”, afirma Ávila. “Contamos com 19 milhões de varejos ativos na América Latina, 75% deles no Brasil, e com o maior tráfego de consumidores, mais de 65 milhões de visitantes únicos.”
“Quando se começa o trabalho por uma plataforma pronta, robusta como a do Mercado Livre, o resultado tende a aparecer mais facilmente, porque o sistema está testado e aprovado”, diz Jean Paul Rebelez, sócio-diretor da GS&Consult. “A BRMalls está sendo pioneira nesse sentido. Foi ousada ao trazer mais concorrência para seus lojistas ao mesmo tempo que abriu um universo gigantesco de novas oportunidades.”
Presente em 24 shoppings com seus hubs urbanos, o Delivery Center entrega mais de 150 mil pedidos por mês. Na parceria da BRMalls com o Mercado Livre, pratica o que chama de DHub, isto é, integra o estoque dos lojistas e os conecta à plataforma, além de responder pela logística de distribuição. “Até a nossa chegada o Mercado Livre não contava com entregas no mesmo dia”, diz a cofundadora Cristiane Mendes. “O prazo estabelecido é de uma hora para a região, mas nossa média está em 45 minutos.” Segundo ela, categorias de não-alimentos, como pequenos presentes, vinhos, acessórios para celular, caracterizados como consumo de conveniência e urgência, têm sido bem demandas no Shopping Villa Lobos.
O Iguatemi optou por desenvolver a própria plataforma de vendas on-line para o varejo, abrigando marcas nacionais e internacionais. Batizado Iguatemi 365, o varejo virtual já conta com mais de 80 marcas cadastradas, selecionadas mediante curadoria rigorosa. “O objetivo é nos aproximarmos ainda mais dos lojistas e dos clientes de áreas onde não temos operações físicas, mantendo a mesma eficiência no universo on-line”, afirma Charles Krell, vice-presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers.
Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, especializada em varejo, olha o movimento como uma trajetória natural, já que o marketplace nada mais é do que um shopping digital. “Não existe uma única receita, se o melhor resultado vem da integração com um ecossistema já estabelecido ou da criação do próprio ambiente de venda digital”, afirma. “Já assistimos várias iniciativas distintas, o importante é que promova uma melhora na experiência do cliente no shopping, integrando serviços, facilidades, conveniência e reduzindo atritos”, analisa.
A aproximação com os clientes, sem o intermédio dos lojistas, porém, talvez seja um dos principais pontos da busca das administradoras pelos marketplaces. E a resposta é simples: a transformação digital baseia-se no uso de ferramentas tecnológicas para colocar o cliente no centro do negócio, enquanto os dados são o fio condutor para compor estratégias cada vez mais assertivas. “Antes essas informações estavam nas mãos dos lojistas e agora passam, também, a ser das administradoras de shopping centers, que podem conhecer melhor o perfil e a jornada de compras de seus frequentadores”, diz Nelson Soares, diretor da Stefanini, multinacional brasileira da área de tecnologia. Informação hoje vale ouro.

 

Fonte: Valor Econômico
https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2019/11/27/tendencia-do-setor-e-abrir-novos-canais-de-distribuicao.ghtml

 

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