Avanço é maior em atacarejo e eletroeletrônicos

(Valor Econômico)

Por Cibelle Bouças

Redes de farmácia também mostram expansão no terceiro trimestre.

No terceiro trimestre, algumas categorias do varejo apresentaram desempenho acima da média. Entre elas estão as lojas especializadas em eletroeletrônicos, redes de farmácias e os atacarejos.
“As empresas de varejo eletrônico são o grande destaque do ano, com resultados positivos e tendência de aquecimento. Magazine Luiza é um caso à parte, sempre com crescimentos muito fortes. Mas outras empresas da categoria também aceleraram vendas, como a B2W”, afirma Pedro Fagundes, analista da XP Investimentos.
No terceiro trimestre, o Magazine Luiza registrou crescimento de 50% na venda bruta de mercadorias pela internet, incluindo impostos (GMV, na sigla em inglês), em comparação com o mesmo intervalo de 2018. No Mercado Livre, esse indicador avançou 18% e na B2W, cresceu 15%.
Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese Retail, observa que o varejo de eletroeletrônicos foi o que mais sofreu na crise, com fechamentos de lojas e de redes menores. A Máquina de Vendas, dona da rede Ricardo Eletro, passou a ter metade do tamanho que tinha antes da recessão. “Agora esse segmento mostra resultados positivos. O Magazine Luiza teve resultados muito fortes e a Via Varejo provavelmente vai apresentar melhora”, avalia o consultor.
Serrentino diz que o crescimento acelerado da categoria é resultado de investimentos em inovação e fortalecimento das operações on-line, com expansão dos “marketplaces” (shoppings virtuais). “As empresas investiram fortemente em transformação digital e já mostram resultados, com um crescimento brutal do GMV”, afirma.
Levantamento feito pela Compre&Confie, empresa de pesquisa de mercado com foco em comércio eletrônico, mostra que as vendas on-line no terceiro trimestre somaram R$ 18 bilhões, com alta de 23% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, foram realizados 45 milhões de pedidos via internet, 25% mais que um ano antes. O Compre&Confie monitora vendas reais de mais de 80% do varejo digital brasileiro.
Outra categoria do varejo com desempenho favorável no terceiro trimestre são as farmácias. “As redes de farmácias se saíram bem durante a crise e continuam em expansão, independentemente do cenário macroeconômico”, observa Serrentino. A Raia Drogasil reportou alta de 22,5% na receita do terceiro trimestre, para R$ 4,6 bilhões. As vendas nas lojas abertas há mais de 12 meses cresceram 7,7%, uma aceleração ante alta de 4% no segundo trimestre do ano.
Segundo uma pesquisa de intenção de compras feita pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), os segmentos que devem crescer mais no quarto trimestre são o automotivo e de artigos farmacêuticos e de perfumaria. Para a categoria de hipermercados, alimentos, bebidas e fumo, o Ibevar projeta alta de apenas 0,66%. “Alimentos e bebidas são segmentos muito estáveis, não variaram muito na crise e nem agora”, diz Nuno Fouto, diretor do Ibevar. A exceção no varejo alimentar são os atacarejos, que crescem de forma mais acelerada que a categoria como um todo.
O GPA, por exemplo, registrou alta de 10,3% na receita líquida no terceiro trimestre, para R$ 13,5 bilhões, impulsionada pelo desempenho de sua rede de atacarejo Assaí, que aumentou 18,9% sua receita bruta, para R$ 7,59 bilhões, e teve expansão de 19 lojas em 12 meses. Nos supermercados e hipermercados do grupo, das marcas Pão de Açúcar e Extra, a receita cresceu 0,8%, para R$ 7 bilhões.
Em bebidas, também houve melhora. O consumo de cerveja cresceu um dígito baixo no terceiro trimestre, de acordo com a Nielsen. Em não alcoólicos, houve avanço de um dígito médio. “Para não alcoólicos, os resultados dos engarrafadores [Femsa e Andina] e Ambev parecem sugerir uma melhora mais forte, com consumidores fazendo substituição de suco em pó por refrigerantes e os principais concorrentes conseguindo aumentar preço e volume”, afirma Leandro Fontanesi, analista do Bradesco BBI.
Em cerveja, observa ele, cresceu o consumo de marcas premium, enquanto as de preços mais baixos tiveram retração.
A Ambev registrou aumento de 2,9% em receita no Brasil, para R$ 6,34 bilhões. As vendas de cerveja caíram 2,8% em volume e as vendas de não alcoólicos cresceram 6,5%. O lucro caiu 3,98%, para R$ 4,41 bilhões, com resultado pressionado por perdas com variação cambial e custos mais altos de commodities, especialmente da cevada. A Ambev e a Heineken reportaram no terceiro trimestre crescimentos de dois dígitos nas vendas de marcas de cervejas especiais.

 

Fonte: Valor Econômico
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/11/06/avanco-e-maior-em-atacarejo-e-eletroeletronicos.ghtml
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